Como funcionam os carros que estacionam sozinhos

Saiba como a tecnologia existente hoje já consegue transformar as balizas em manobras automáticas

Fazer baliza é uma provação para muitos motoristas, mas com as vagas para estacionamento limitadas das grandes cidades, espremer seu carro em uma vaga minúscula é uma importante habilidade. Geralmente, não é uma tarefa fácil, e pode levar a engarrafamentos, nervos em frangalhos e paralamas amassados. Felizmente, a tecnologia possui uma resposta: os carros que estacionam sozinhos. Imagine encontrar o lugar perfeito para estacionar, mas em vez de lutar para manobrar seu carro de um lado para outro, você simplesmente aperta um botão, se encosta no assento e relaxa. A mesma tecnologia usada nos carros que estacionam sozinhos pode ser usada para sistemas anticolisão e, por fim, carros que dirigem sozinhos.

Os fabricantes de automóveis estão começando a colocar no mercado carros que estacionam sozinhos porque perceberam uma demanda dos consumidores. Fazer baliza é freqüentemente a parte mais temida do exame para tirar a carteira de motorista, e é algo que quase todo mundo terá de fazer em algum momento. As pessoas que moram nas grandes cidades podem ter de fazer isso todos os dias. Eliminar a dificuldade, a tensão e a incerteza dessa pequena tarefa é um grande apelo comercial.

Os carros que estacionam sozinhos também podem ajudar a solucionar alguns dos problemas de estacionamento e trânsito em áreas de grande densidade urbana. Algumas vezes, o ato de estacionar um carro em uma vaga é limitado pela habilidade do motorista em fazer uma baliza. Um carro que estaciona sozinho pode se encaixar melhor em vagas menores do que a maioria dos motoristas. Isso facilita as pessoas a encontrarem vagas e permite que o mesmo número de carros ocupe menos vagas. Quando alguém estaciona fazendo baliza, normalmente bloqueia uma pista de trânsito durante ao menos alguns segundos. Se tiver problemas ao estacionar naquele ponto, essa tarefa poderá durar vários minutos e com isso prejudicar seriamente o trânsito.

Por fim, a dificuldade de fazer uma baliza leva a uma série de pequenos amassados e arranhões na lataria. A tecnologia do auto-estacionamento evitaria muitos desses infortúnios. Ela também pode economizar dinheiro, já que você não terá de se preocupar com reclamações de seguro quanto a danos relacionados ao estacionamento.

Estacione você mesmo

A tecnologia do auto-estacionamento é usada principalmente para situações de estacionamento por baliza (apesar de a BMW possuir um protótipo que estaciona em espaços com linha reta, como garagens estreitas). Fazer baliza requer que os carros estacionem paralelos à guia da meio-fio, em fila com os outros carros estacionados. A maioria das pessoas precisa de um espaço cerca de 1,2 metro maior do que o comprimento de seus carros para fazer uma baliza com êxito, apesar de alguns motoristas experientes precisarem de menos espaço.

Para fazer uma baliza, o motorista deve seguir estas cinco etapas básicas:

1. ele avança além do espaço e pára ao lado do carro à frente da vaga;

2. esterçando as rodas do carro em direção ao meio-fio, ele retorna de marcha à ré em um ângulo de cerca de 45 graus;

3. quando suas rodas dianteiras estão emparelhadas com as rodas traseiras do carro estacionado a sua frente, ele endireita as rodas e continua em marcha à ré;

4. enquanto verifica o espelho retrovisor para se certificar de que não chegará muito perto do carro de trás, o motorista afasta suas rodas do meio-fio para encaixar a extremidade dianteira do carro na vaga;

5. finalmente, o motorista conduz o carro para frente e para trás na vaga até que seu carro esteja a cerca de 30 cm do meio-fio.

Os carros que estacionam sozinhos e que estão no mercado atualmente não são completamente autônomos, mas eles tornam a baliza muito mais fácil. O motorista ainda controla a velocidade do veículo pressionando e liberando o pedal do freio (a marcha lenta do carro é suficiente para colocá-lo na vaga de estacionamento sem pressionar o pedal do acelerador). Assim que o processo se inicia, o sistema do computador de bordo assume o volante do carro.

O carro vai adiante para a posição ao lado do carro à frente da vaga e um sinal permite que o motorista saiba quando deve parar. Em seguida, o motorista coloca o carro em marcha à ré e libera levemente o pedal do freio para iniciar o movimento para trás. Usando o sistema de direção assistida, o computador gira o volante e executa a manobra com perfeição, colocando o carro na vaga. Quando o carro tiver recuado o suficiente na vaga, outro sinal permite que o motorista saiba que deveria parar e colocar o carro na marcha à frente. O carro se desloca para a frente enquanto as rodas se ajustam para manobrá-lo na vaga emitindo, então, um sinal final.

No Toyota Prius britânico, uma grande tela de computador instalada no painel de instrumentos fornece notificações ao motorista, do tipo: quando parar, quando colocar a marcha à ré e quando liberar o freio levemente para mover o carro para o interior da vaga de estacionamento.

Diferentes sistemas de auto-estacionamento possuem diferentes maneiras de detectar os objetos ao redor do carro. Alguns possuem sensores distribuídos ao redor dos parachoques dianteiro e traseiro que atuam tanto como transmissores como receptores. Estes sensores transmitem sinais que atingem os objetos ao redor do carro e refletem de volta para eles. O computador do carro então utiliza a quantidade de tempo que esses sinais levam para retornar e calculam a localização dos objetos. Outros sistemas possuem câmeras instaladas nos parachoques ou utilizam radar para detectar os objetos. O resultado final é o mesmo: o carro detecta os outros carros estacionados, o tamanho da vaga e a distância até o meio-fio e, então, manobra para entrar na vaga.

Tecnologia atual e futura

Em 1992, a Volkswagen utilizou a tecnologia de auto-estacionamento em seu carro-conceito Futura IRVW (sigla para Pesquisa Integrada Volkswagen). O IRVW estacionava com total autonomia: o motorista podia sair do carro e observar enquanto o carro estacionava sozinho. Um computador (do tamanho de um PC) no porta-malas controlava o sistema. A Volkswagen estimou que esse recurso acrescentaria cerca de US$ 3 mil ao preço de um carro e ele nunca foi oferecido em um modelo de produção.

Em 2003, a Toyota começou a oferecer uma opção de auto-estacionamento, chamada Assistente de Estacionamento Inteligente em seu híbrido Prius japonês. Três anos mais tarde, os motoristas britânicos tinham a opção de acrescentar o auto-estacionamento ao Prius pelo equivalente a US$ 700. Até agora, 70% dos Prius britânicos foram comprados com esse recurso.

Apesar de a Toyota ser atualmente a única companhia com um carro que estaciona sozinho no mercado, outras empresas possuem sistemas de auto-estacionamento a caminho. Em 2004, um grupo de estudantes da Universidade de Linköping na Suécia colaboraram com a Volvo em um projeto chamado Evolve (literalmente, desenvolver). O carro Evolve pode fazer balizas de modo autônomo. Os estudantes equiparam um Volvo S60 com sensores e colocaram um computador em seu porta-malas, que controla o volante assim como os pedais do acelerador e freio. A Siemens VDO está trabalhando em um sistema de assistência ao motorista independente chamado Park Mate (literalmente, parceiro para estacionar), o qual auxiliaria os motoristas a encontrar uma vaga, assim como a estacionar nela.

Um carro que pode assumir o controle do volante para estacionar a si mesmo é uma coisa, mas um carro que dirige a si mesmo é outra. Isso se parece com um sonho futurista: milhões de carros econômicos dirigindo suavemente sob o controle do computador, evitando colisões e mantendo velocidades seguras, enquanto os "motoristas" relaxam e assistem à TV ou tiram um cochilo. A que distância estamos dessa "autotopia" à moda dos "Jetsons"? Provavelmente, muito longe.

Muitas pessoas gostam de dirigir, portanto poderia ser difícil para elas renunciar ao controle de seus veículos (controle que iria para um computador), mesmo que isso fosse mais seguro. As leis de confiabilidade do produto também teriam de ser consideradas. No entanto, a tecnologia não está muito distante. A General Motors planeja oferecer aos motoristas alemães um Opel Vectra 2008 capaz de dirigir a si mesmo. O carro dirigirá sozinho a 96 km/h, usando um sistema de câmeras, lasers e computadores para rastrear as pistas, sinais, curvas, obstáculos e outros carros da estrada.

Alguns carros já possuem um sistema de controle da velocidade de cruzeiro semi-automatizado, conhecido como controle adaptativo da velocidade de cruzeiro. Esse sistema permite que o motorista estabeleça uma velocidade, como um controle da velocidade de cruzeiro comum. No entanto, esse sistema usa raios laser para detectar a distância de quaisquer veículos na estrada à frente e automaticamente diminui a velocidade do carro se ele chegar muito perto.

Outro desenvolvimento que está por vir usa a tecnologia sem fio para conectar os carros uns aos outros. Se um carro detectar condições escorregadias em uma curva, os carros atrás dele receberão a informação e diminuirão a velocidade. Os sistemas de controle de tração também entrariam em ação. Além disso, esse sistema poderia detectar condições de trânsito por meio do rastreamento das velocidades dos outros carros e então sugerir rotas alternativas.

Esta história foi publicada originalmente no site HowStuffWorks

Fotos: Divulgação

2 comentários:

  1. O cara do vídeo estacionou, porém seria multado por estar do lado contrário da pista...

    Fail pra ele hehehe. Mas o sistema é legal

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  2. Alguem informa o rapaz que é mão inglesa, quem deveria ser multado é o Jetta Vermelho.

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